sábado, 22 de maio de 2010

Palas del Rey-Arzúa

18/05/09

Ultreya era a saudação medieval..."para frente"...Suseya agora no final...significava "para cima".


Algo como evolução espiritual...realização humana...caminho para a outra dimensão...após a morte.


Olhava o alvorecer...tinha consciência que jamais chegaria à sua perfeição.


Poderia sempre me superar...tentaria pelo menos...um desafio para o retorno...para a rotina da vida.


"Fuerza peregrina!"...com mais de dez séculos de história o Caminho de Santiago era o roteiro mais antigo e conhecido da Espanha.


Única rota que não se formou por razões comerciais...foi considerado Primeiro Itinerário Cultural Europeu...em 1987.


Passei pela Iglesia de San Xulian do Camino...românica...século XII...a Espanha era mesmo católica...havia sinais disso...o tempo todo. 



O ganho de vivência interior fazia com que todo o desgaste físico ficasse pequeno...maravilhosamente insignificante.

Sentia-me anestesiada...forte...flutuava...liberava endorfinas...nada mais doía...muito louco.

 

Se parasse...demorava para sentir-me eufórica...nosso relógio biológico era fantástico...poderoso.


Em Leboreiro...um "cabeceiro"...cesto típico galego para conservação do milho.


Passei pela Iglesia de La Virgen de Las Nieves...fechada...para variar.


Improvisar era uma arte...colher de plástico quebrada...comi meu iogurte com o cabo do "trim"...lanchei no Bosque dos Peregrinos.


Após a travessia da puente medieval de Furelos...grata e emocionante surpresa...o padre da Iglesia de San Juan...essa cuja torre aparece na foto...nos esperava na rua...presenteava-nos com um livreto..."HACER EL CAMINO"... 52,3 quilômetros.


A alegria dos brasileiros encantava-o...mostrou-me uma imagem do famoso Cristo de Furelos...crucificado na mão esquerda...a direita estendida para baixo...para quem precisasse DELA.

Aquela mão nunca havia me faltado...toquei-a muito emocionada...ele quis saber porquê...feliz pela minha história...registrou-a no livro da paróquia...datou...ambos assinamos.


Em Melide a famosa  "pulpería" A Garnacha...degustação de polvo...gratuita para peregrinos...tentei apreciar...negativo.


Na Espanha do pós-guerra...anos 50...o Biscuter...carro desenhado por um francês foi muito utilizado...era barato...bom...engraçado. 


A rua principal de Melide tinha muita história...e o caminho seguia.


Encontrei o espanhol Felix e mais gente conhecida em Ribadiso de Baixo...animada continuei.


Descansaria no Albergue Don Quijote...em Arzúa...na parte privada.

O queijo de Arzúa era  famoso em toda a Espanha...sabor delicado...cremoso...macio...inesquecível acompanhado de "viño roxo".


Karin era delicada e doce...Rômulo...Jota...Arruda...peregrinos cavalheiros...todos incríveis companheiros.

Sempre me acolhiam...me incluíam...nossos reencontros eram regados a muito riso...alegria contagiante.



Nesse restaurante deixavam-se impressões digitais e plantares...tradição.

Não fizemos isso...levávamos e havíamos deixado  impressões...em corações peregrinos...de todos os continentes.