quinta-feira, 25 de março de 2010

Carrion de Los Condes-Terradillos de Los Templarios

03/05/09

Estava saindo da cafeteria e Juan me chamou...as Clarissas só permitiram que eles dormissem lá pois eram pai e filha...não os veria mais...agradeceu pelos remédios e fez a foto em mais um marco peregrino...nos despedimos...eram encantadores os dois.

 

Inconformado ele havia dito que muitos autores famosos escreviam sobre o Caminho de Santiago sem haver pisado suas trilhas...andavam de táxi e ficavam milionários com suas obras literárias.


O sonho dele de fazer o caminho com a filha não seria realizado dessa vez...ela não conseguia andar...sentia fortes dores nos quadris.


Passei pelo Monastério  Real de San Zoilo que foi muito ligado à Ordem de Cluny...movimento religioso que entre várias outras coisas resgatou os valores da pessoa humana e da paz entre os povos...hoje funciona ali um hotel.


No caminho cheio de pedras e muito seco encontrei esse casal...não conseguimos nos comunicar...eles eram finlandeses...comiam um típico lanche peregrino na beira da estrada.  



Era um verdadeiro e árido deserto que atravessaríamos...meu cantil estava cheio...as pedras faziam os pés virarem a toda hora.



Em Calzadilla de la Cueza...banco na sombra...descanso merecido.

Mulheres que são mães, esposas, filhas, profissionais e administradoras do lar têm muita dificuldade de desfrutar de momentos só delas...diria que é quase impossível que no cotidiano consigam fazer essa introspecção.

Sentia-me muito privilegiada por poder ter feito o meu "mini sabático" de quarenta dias numa fase de vida ainda com "pique" e condições físicas para suportar situações extremas de cansaço.

  

Havia muito trigo à beira das trilhas...balançavam sua cabeleira multicolorida  na cadência do vento.


Um ruído da civilização...motoqueiros passaram mostrando solidariedade...peregrinos modernos. 


Em Terradillo de Los Templarios  no refúgio Los Templarios...a hospitaleira  indicou meu quarto com dez beliches...cheguei na porta...aplausos respeitosos.

Eu era a vigésima peregrina...dezenove homens no quarto...dei meia volta e fui à recepção...  

Com jeitinho brasileiro consegui que ela abrisse um outro local e me deixasse ficar sozinha...ficou com dó de mim...nota dez para ela!

Fui lavar e estender minhas roupas...o vento estava implacável...

 

Enquanto pendurava e fixava tudo tive a assistência de um casal encantador.

Estavam presos pois adoravam brincar com roupas que caíam do varal...deixavam peregrinos sem o que vestir e muito bravos.


Jantei com a austríaca Edith...ela contou-me que eu estava incluída nos seus registros sobre o Caminho...não a veria mais...tinha combinado de encontrar-se com o marido em Santiago...de lá voariam a Paris.


Comemos bastante...bebemos mais ainda..."mucho vino"...rimos muito...conversamos sobre tudo.

Embora meu quarto fosse uma graça...tive pesadelos!